domingo, 19 de junho de 2011

O tempo continua sendo implacável e urgente para muitas pessoas que conheço e outras tantas com as quais convivo. Mas esse mesmo tempo cruel não produz efeito em mim. Permaneço sempre inerte e relaxado, como se não pertencesse a esse mundo desenfreado e desnorteado, sem rumo e sem nexo aparente. O mais estranho disso tudo é essa sensação maluca de estar perdendo tempo fazendo coisas que não produzem nada de significativo para mim e para o mundo ao meu redor. Escrevo poemas e lanço-os ao vento frio de junho, e parece que os perco de vista, sem saber se chegaram a algum destino interessante. Planto textos e a impressão absurda que fica é a de que nada foi colhido e saboreado. Encontro ocasionalmente em pontos de ônibus pessoas versadas em letras, disfarçando um ar arrogante e cheio de vaidade, falando de seus próprios feitos, e infantilizando e diminuindo os versos de outros poetas. É como se ele tivesse gabarito suficiente para julgar se os textos e poemas de outras pessoas valessem a pena ser lidos pelo mundo. "Seus versos são infantis, crus, não tem métrica, rima, chegam a ser ridículos", escutei certa vez no ônibus voltando do trampo. Aquilo poderia ter me partido em dois, me estraçalhado completamente por dentro, se eu não tivesse a imunidade suficiente para repelir esse tipo de "comentário técnico". Alguns poderiam chamar de crítica construtiva. Para mim, isso soa mais como uma tentativa ardilosa e sutil de destruir os alicerces morais da pessoa, fazendo-a desistir de seguir adiante naquilo que ela fielmente acredita. Eu acredito em minhas palavras, no poder poético de meus versos, na carga profunda de meus textos escritos. Se você não acredita naquilo que você produz e cria, então isso significa que você está fazendo algo de errado com sua própria vida. Nunca duvido de minhas capacidades.
Escuto "Collapse Into Now", do R.E.M., e me embriago com "Uberlin" e "It Happened Today". Durante todo esse mês, sempre nas idas e vindas do trampo em Ilhéus, tenho me deixado envolver pela leitura de "A Menina que Roubava Livros". Quero resgatar novamente minhas histórias e terminar o que comecei a escrever com "As Crônicas de Nevareth". Vou seguindo sempre em frente, sem dar ouvidos para pseudo-críticas literárias. Deixo-me ser levado pelo som que vem de dentro de mim. O som de minhas palavras. Minhas próprias palavras.


 
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