quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Véspera de Natal. Para a maioria, uma data festiva, motivo para reuniões familiares e troca de presentes, além de exercitar esse tão falado espírito natalino, desculpa estranha para querer ser benevolente somente nessa época do ano. Para mim, uma dia como outro qualquer, sem muita expectativa ou ansiedade por eventos importantes em família. Falando em família, sou nostálgico o suficiente para lembrar de meus Natais passados, de quando eu curtia mais essa época do ano. Quando eu morava com minha família, minha mãe e meus irmãos, eu gostava de arrumar a árvore e seus enfeites. Hoje não moro mais com minha família e aqui em casa não existe uma evidência sequer que possa denunciar a época natalina, sem um enfeite sequer, nada. Não que eu seja indiferente com relação às festas de final de ano, apenas não me empolgo mais com esse Natal marketeiro e altamente consumista. Simplesmente esse Natal não consigo me encaixar.
A única coisa boa desse dia de hoje é que amanheceu nublado e agora chove mansamente. Espero que o dia todo seja assim, pois curto muito dias nublados e chuvosos.
E para combinar com um dia como hoje, escolhi Dido como trilha sonora. Nada daquelas músicas ridiculas de Natal, aquelas melodias repetitivas e deprimentes, pelo menos para mim. Não há coisa mais estúpida do que aqueles temas natalinos ao toque de harpas. E coincidentemente, justo quando tive vontade de ouvir No Angel, descubro que Dido acabou de lançar seu novo trabalho este mês. Safe Trip Home caiu como uma luva para o momento, e aqueceu meu coração com canções lindas e uma voz maravilhosa. Concordo plenamente que Dido possui uma voz bossanova aconchegante e hipnotizante, e esse trabalho novo dela apenas confirma isso. E a leveza de sua voz sofreu uma evolução positiva, já que Dido ficou distante do holofotes desde seu último trabalho, Life For Rent, de 2003, para estudar música, engenharia de som, arranjos e masterização na Universidade da California. O resultado é um álbum maduro, com canções mais introspectivas e sérias, muito provavelmente influenciadas pela morte de seu pai. Como sempre, o sofrimento transformado em arte resulta em uma riqueza inquestionável de imagens, prosas, poesias, melodias. Basta ouvir Grafton Street, do novo álbum de Dido, e você compreenderá com mais intensidade tudo o que escrevi aqui.
E que todos tenham um bom dia nublado e chuvoso.

sábado, 20 de dezembro de 2008


É algo que eu ainda não tinha feito até hoje. Nunca peguei um texto escrito por mim sobre determinado assunto e contextualizado ele em versos, transformando-o em um poema. Percebi lirismo no que eu havia escrito há mais de 1 ano em um texto com o título "O DNA de um herói". Ultimamente, meus poemas estão um tanto quanto ácidos e pesados. Inclusive, "pesado" foi a definição dada pelo meu afilhado Thalles depois de ler um outro poema meu intitulado "Uma Sinfonia em C". Os dois poemas em si descrevem um mundo conturbado e caótico, alucinantemente infernal e pertubador, perdido em rotinas de violências e catástrofes. Tudo isso filtrado por mim e canalizado em versos "pesados". A propósito, meu afilhado criou um blog esta semana, Ankh's Blog, onde ele também expõe suas impressões sobre este mundo, além de postar poemas escritos por ele. Clique e confira.

Os passos de Johnnie

Acordei hoje e vi o tempo em que vivemos.
Pessoas tragando falsas verdades
gente em pose fumando puras ilusões
nicotinizadas em hipocrisias e vícios

O mundo se aquece, as pessoas se matam,
os invejosos se corroem, o Natal se consome.
E sobre os escombros e no meio de enchentes
todos precisam continuar andando sem parar.
"Keep Walking, Johnnie Walker"

Sou herói de mim mesmo nestes dias sufocantes
Transfiro toda minha transpiração para meus poemas
Estou suando em palavras pelos poros
Derretendo minha raiva em versos.
Continuo seguindo meu caminho
Vendo as pessoas em pose colocando
mais gelo em seus copos de uísque.

por Ulisses Góes, final da Primavera de 2008.

O mundo é um imenso turbilhão de consumismo. E a época em que isso fica mais exposto é justamente o Natal, onde todos correm atrás dos presentes a serem dados para seus familiares e amigos. Não há como negar que atualmente o Natal é isso, consumismo descarado e desenfreado. Acredito que nem mesmo a atual crise econômica mundial está freando as pessoas em suas compras pelo shopping. Provavelmente poucos estejam pensando no futuro, e buscando fazer suas economias ou evitar criar mais dívidas que se multiplicarão no decorrer do início do próximo ano. Tudo em torno do Natal foi criado e gerado para fazerem as pessoas consumirem, gastarem o que tem e o que poderão ter mais adiante. Até mesmo o Papai Noel que nós conhecemos, vestido nas cores vermelha e branca, foi obra da Coca-Cola, que em 1931 realizou uma grande campanha publicitária vestindo o Noel com tais cores, o que foi muito conveniente, já que são as cores presentes no rótulo do refrigerante. Lógico que a campanha foi baseada na criação do cartunista americano Thomas Nast, lançada em uma revista americana de 1886. De qualquer forma, a Coca-Cola é a responsável por difundir a imagem do papai Noel como ele é hoje. Coisas de nosso planeta consumista e regido pela mídia da propaganda.
Não que eu seja contra esse mundo consumista no qual vivemos, apenas considero certo exagero a maneira como esse consumismo é colocado pela mídia e por todos. Essa necessidade imperiosa de comprar presentes, essa "obrigação" que eu considero realmente desnecessária. Mas trata-se de convenções do mundo moderno, então não há muito o que se fazer. O máximo que se pode fazer é expor sua opinião sincera, sua indignação, sua queixa, caso a tenha com relação ao caso. E desejar Boas Compras e Felizes Dívidas Novas em 2009.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

O mundo está girando em águas turvas e tempestades que parecem inacabáveis. Depois de assistir tantas tragédias por contas das inundações e desabamentos provocados pelas chuvas em Santa Catarina neste final de ano, chego à conclusão de que as mudanças sofridas pelo planeta por conta do aquecimento global são fatos reais e televisionados para todos constatarem. E toda aquela história de que o Brasil é o país do futuro e de que as consequências ambientais por causa do aquecimento globais serão desatrosas para todos futuramente não funciona mais com o verbo sendo utilizado no tempo que ainda está por vir. O tempo já veio e está passando diante de nossos olhos. O mundo está girando em águas, e elas estão caindo em proporções muito maiores do que antes. E o que me revolta mais é que, enquanto milhares e milhares de pessoas sofrem tragédias imensas com perdas materiais e morte de familiares, eu consigo enxergar aqui, entre pessoas com quem convivo, aquela insistência em continuar vivendo dramas pessoais absurdamente ridículos. Discussões ridículas por motivos mais ridiculos ainda, falta de bom senso ao lidar com problemas que aparentam ser maiores, mas que não são. Dramas pessoais e familiares onde a solução é simples e pode ser efetivada em poucas e sensatas atitudes.
Entretanto, nem todos costumam cultivar o bom senso, a paciência e a lógica para lidar com problemas que podem muito bem ser neutralizados, isolados ou cortados pela raiz. É triste observar isso. O mundo se acaba em tragédias, e muitas pessoas não se dão conta de que, diante de tantos desastres maiores, seus próprios problemas são pequenos e fáceis de serem resolvidose até mesmo evitados. E aqui estou eu, vez ou outra vivendo entre pessoas estressadas, nervosas, ansiosas, e tendo que me proteger de tudo isso, principalmente porque procuro de todas as formas cultivar sentimentos opostos a tudo isso. Enquanto todos se jogam premeditadamente aos ventos dos tornados, eu me concentro em ficar no olho do furacão.
A imagem acima é da capa de um dos álbuns da banda texana V.A.S.T., recomendada para quem curte rock alternativo sem pretensões. Recomendo ouvir Music For The People [2000] e Nude [2004].

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Engraçado que ainda não utilizei este espaço para desabafar sobre algumas decisões que tomei nestas últimas semanas. Provavelmente seja pelo fato de que tais decisões são muito pessoais e importantes para mim - as mais importantes tomadas em toda a minha vida - e que definirão meus caminhos daqui pra frente. Nunca estive tão certo do que fazer como agora, neste momento de minha vida. As escolhas foram feitas, e sigo em frente. Não me arrependo, em momento algum, do que decidi, e como esse é um assunto realmente muito pessoal e especial, apenas posso dizer aqui que eu escolhi o lado que é o mais importante e especial para mim. E que assim será por toda esta vida.
Esta semana, meu afilhado Thalles trouxe dois novos gatos, e agora a casa tem dois novos moradores. Um gato e uma gata, que já foram batizados de Yin e Yang, irmãos que não se separam e que estão ainda demorando a se acostumarem ao novo lar. Yang já não está tão cismado assim e caminha pela casa despreocupadamente. Já sua irmã Yin é muito desconfiada e cismada, e está demorando a se soltar no ambiente. Por enquanto, tomaram conta de meu quarto, e dormem por lá, saindo apenas para comer e fazer suas necessidades. Já demonstraram serem higiênicos e educados, fazendo suas necessidades no banheiro. Fiquei até surpreso com isso, e já é uma preocupação a menos. Por enquanto, eu espero que Thalles consiga fazer a gata se acostumar com a casa, porque até o momento ela continua desconfiada.
E como trilha sonora destes dias frios e chuvosos de setembro - apesar de já estarmos na Primavera - estou escutando muito Metallica, Epica, Nightwish, por influência de meu afilhado. Nada mais natural, já que a troca de experiências musicais entre a gente é constante. Por influência minha, por exemplo, ele escuta sempre Depeche Mode. Considero isso muito positivo, pois demonstra que sempre aprendemos muito um com o outro. Aproveito para ouvir o novo álbum do Metallica, Death Magnetic, que está sendo muito bem recebido pelos fãs e pela imprensa musical, sendo considerado o álbum que resgata muito da sonoridade do Metallica da época anterior ao lançamento do clássico Black Album. E de fato, o som deles ressurge mais trash, mais sujo, uma bateria mais intensa, solos de guitarra bem pensados e trabalhados, músicas com pegadas pesadas e agressivas. Sinal de que a banda buscou voltar às suas origens. Decisão tão acertada quanto a minha.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Em um mundo tão conturbado e violento como o nosso atualmente, vivendo esses dias de cão, entre notícias sangrentas e imagens aterrorizantes, nada mais justo do que buscar um refúgio longe das trincheiras da guerra diária e do cotidiano sufocante. E eu encontro esse refúgio na música, buscando em meu acervo pessoal algo que acalme nossos ânimos e nos faça relaxar os pensamentos, nos envolvendo num mantra espiritual.
Entretanto, estava eu ouvindo algumas músicas da banda britânica Suede, e tive a idéia de garimpar algo mais da mesma, quando me deparo com álbuns solo de seu vocalista Brett Anderson. Encontrei o álbum mais recente, Wilderness, que acaba de ser lançado, e decidi fazer uma audição do mesmo, até como uma forma de escapar de algumas rotinas desses dias, me largar um pouco de fóruns, jogos, trampos, entre outros pequenos detalhes do cotidiano. O que me chamou a atenção para o álbum é que o mesmo soa triste e melancólico, num cortejo sonoro de piano e cordas. A sonoridade pode se mostrar triste e obscura, porém nos remete à condição de reflexão e serenidade. Belíssimas canções, como A Diferent Place, The Empress e Funeral Mantra, tocantes e magníficas.
Gosto da banda Suede desde o primeiro momento em que ouvi muitas de suas canções, mas agora sinto uma atração sincera pelas músicas desse novo álbum de Brett, um acústico que nos evoca à introspecção.
Esta calma madrugada agora é o meu refúgio. E em meu refúgio busco o calor de minhas palavras. Isso realmente me faz muito bem.

offline
Em diferentes lugares cai a mesma chuva mansa
molhando olhares de arrependimentos
e pensamentos melados de dúvidas
Em meu refúgio busco o calor de minha palavras
que brotam de madrugada e se proliferam
através do vento frio de dias nublados.

Meus passos encontram poças e pessoas
mas estou distante pensando momentos
Recordando sorrisos de avelãs
Observando as cinzentas nuvens de lãs
desenhando um horizonte pálido e turvo.

Doces lembranças assombrando escuridões inertes
Amargo som do silêncio de sabor ensurdecedor
Minhas palavras surgem como lampejos de flashs
Para que eu não me sinta como um Imperador
isolado em um palácio de solidão embriagadora.

Por Ulisses Góes, agosto 2008.

sábado, 2 de agosto de 2008


As adversidades do momento realmente me forçaram a escrever por aqui novamente. Claro, tantos e tantos dias dividido entre o trabalho e a diversão acabaram realmente por me tomar praticamente todo o tempo disponivel para escrever algumas linhas momentaneas sobre meu cotidiano sem grandes catástrofes pessoais. Na realidade, estou aqui por causa de minha placa de vídeo, uma NVIDIA GeForce 6800 GT, que pifou de vez, creio eu, fazendo com que eu fique impossibilitado de jogar Cabal Online. Essa é a verdade. Aqui estou, exercitando meu português e expondo um pouco mais de mim em cada linha e cada palavra. Acredito eu que minha placa de vídeo pifou devido a maldição lançada por um amigo meu que também joga Cabal online, um advogado maldito conhecido pela alcunha de rgroba. Foi realmente a maldição de Rgroba que agora me impossibilita momentaneamente de jogar. Maldito Rgroba!
A rotina caminha constante, sem atropelos, sem tsunamis de outrora, que me lançavam em correntezas perigosas de sensações e emoções fantásticas. Olhando para trás, vejo o quanto eu fui dominado pelas minhas emoções, meus sentimentos. Hoje eu me sinto vivendo um período light, clean, como diria minha ex-professora de Teoria da Literatura [saudades dela e dos tempos da faculdade], vivendo deliberadamente organizado, um pouco menos do que antes, mas uma organização mais simples e sem stress. Sei que tudo acontece e acontecerá em seu devido tempo e circunstância, e não me abalo por mais quase nada. Algumas vezes, fico receoso que tal situação seja perigosa, essa de não se abalar por nada, pois fica-se a sensação de pura apatia, como se estivesse acomodado, largado em uma rotina a qual já se acostumou.
Não quero me acostumar a rotinas, nem me largar e me acomodar de forma alguma. Quero estar sempre disposto a tocar meus projetos adiante e sentir novos ânimos soprarem diante de mim. Meus livros serão lançados, meus versos serão lidos por muitos, meu site de jogos continuará crescendo cada vez mais, e, quem sabe, eu lance todo o conteúdo deste blog em um livro, cuja leitura será agradável e nostálgica, uma reunião de lembranças marcantes e de versos significativos.
Há males que vêm para o bem. Só espero trocar o quanto antes minha placa de vídeo por uma nova, e resolver de vez esse pequeno contratempo tecológico em minha vida. Enquanto isso, vou escrevendo alguns versos ouvindo algumas canções de Suede. Ou seja, vivendo cada momento e cada segundo. Ah, na foto acima, eu, minha amiga Fatally e meu afilhado Seraph, na rodoviária de Camaçari, momentos antes de voltar para casa.

sexta-feira, 20 de junho de 2008


Este final de semana que passou foi marcado pela descontração de um Encontro de jogadores de um MMORPG online que curto muito e jogo. Sábado, dia 14 de junho, aconteceu o 2º Encontro Oficial de Jogadores de Cabal Online, na Cyber Lan House, no bairro do Rio Vermelho, em Salvador. Fomos eu e meu afilhado, e a viagem foi uma diversão animada. Foi novidade para meu afilhado, que não conhecia ainda a capital baiana, e para nós dois foi a chance de conhecermos nossos amigos vituais, a Fatally, Hiro, DiegoMaia. E claro, conhecer nosso amigo Sullivan, da Gamemaxx, empresa que administra o Cabal Online aqui no Brasil, e o [GM]Jack, uma grande figura que animou muito o evento.
A gente planejava até retornar no mesmo dia para Itabuna, mas não havia ônibus saindo naquela noite de sábado com destino à nossa cidade. Então eu e meu afilhado tivemos que passar a noite em Camaçari, cidade que fica a 40 minutos de Salvador, na casa de nosso amigo Hiro. Aproveitamos a oportunidade e conhecemos também Navarro, o pai da Fatally, e também o irmão dela, Renegado.
Sempre curto muito esses momentos onde podemos sair de nossa rotina diária, e buscarmos uma aventura extra, saindo dos limites de nossas próprias fronteiras pessoais. Adoro viagens, curto muito viajar de ônibus e conhecer outras cidades, conhecer os amigos que temos distantes. O Evento foi um sucesso completo, nos divertimos bastante, fizemos mais amizades, aproveitamos ao máximo todo o final de semana, apesar da viagem ter sido um pouco cansativa, principalmente na volta pra casa. No final, valeu todo o esforço, toda a união dos amigos da guild, toda a nossa organização e empenho para o sucesso do evento. Ah, e valeu também pelos deliciosos pães de queijo que saboreamos junto com Fatally na casa de Hiro.

terça-feira, 15 de abril de 2008















Quando chegou aqui, todos pensavam se tratar de uma linda gatinha. Até meu afilhado se confundiu, e te batizou de Luppi-chan. O tempo foi passando, e percebemos que você era um felino macho. E um felino bastante brincalhão e alegre. Corria, pulava, e demonstrava toda sua alegria quando estávamos juntos. Tinha seus próprios esconderijos, como aquele que você mais gostava, dentro do sofá, que tinha um parte descosturada atrás, que era por onde você entrava. Adorava bolinhas de papel e pedaços de garrafas pet de refrigerantes, brinquedos que faziam sua festa constante. Adorava biscoitos triturados, pedacinhos de pães, leite e tudo o mais delicioso que nós tívessemos à mão para te oferecer. Sua ração predileta era de sabor peixe, carne e legumes. era muito observador, principalmente quando estávamos almoçando ou jantando, e isso tirava meu afilhado do sério. Tinha seu lugar predileto no outro sofá, onde sempre ia tirar uma soneca boa, se estirando todo e fazendo as mais diversas poses para dormir. Gostava de viver perigosamente dentro de nossa casa: desafiava o ventilador, pulou uma vez em cima da gaiola de Ana Luisa [coitada, tremeu de medo quando te viu ameaçador], andava pelos vãos das paredes que dividem os cômodos de nossa casa. Corria atrás de Thalles até ficar sem fôlego, e se largar no chão, completamente exausto.
E era sorrateiro, sempre de tocaia, esperando a gente passar para dar um bote certo em nossas pernas. Adorava dormir ao lado de Gordon Freeman [o nosso PC], sempre naquele aperto aconchegante. Era carinhoso, adorava deitar em nosso colo e demonstrar todo o seu carinho por nós. E não se desgrudava em nenhum momento da gente. Podia estar largado de sono, mas ao nos ver ir em direção do quarto, da sala ou da cozinha, levanta-se e nos seguia, curioso, carinhoso, atencioso, observador. Para mim, era o meu "negão descarado sem vergonha relento safado rueiro". Para Thalles, era o "gatinho mô véi". Sua vida foi extremamente curta, mas nesse curto espaço de tempo, viveu tudo da sua maneira, da melhor forma que podia, sempre alegre, brincalhão, pertubado e descontraído. Hoje, você está fazendo falta, a casa está vazia. Mas não se preocupe, a gente sempre vai se lembrar de você, assim como eu sei que você, onde quer que você esteja, guardará lembranças nossas. O nosso gatinho branco.

sexta-feira, 11 de abril de 2008













Que coisa mais linda e intimista, suave e delicada acabei descobrindo hoje. Eu já tinha lido em algum lugar na internet que a vocalista Fernanda Takai, da banda Pato Fu, havia feito releituras sonoras refrescantes de canções da saudosa musa da Bossa Nova, Nara Leão. Porém, somente agora é que acabei me deparando com essa pérola de álbum, surpreendente e renovador, elegante, discretamente inteligente. Sou fã há muito tempo da banda mineira, e a voz de Fernandinha, bem como inúmeras músicas do Pato Fu, já foram trilhas sonoras de milhares de momentos de minha humilde e singela vida. Sou tão fã dessa banda, que em jogos online [outra paixão minha] eu utilizo o nome da banda como nick [ou nome do personagem no jogo, para os leigos de plantão]. E essa identidade virtual, algumas vezes, já me deu um nó em meu juízo, pois já me peguei pensando realmente quem sou na realidade: seria eu o poeta e escritor Ulisses Góes, ou o jogador conhecido pela "alcunha" de Patofu? Muitos artistas, por conta da fama estratosférica para a qual suas vidas foram sugadas, acabam incorporando o nome artístico ao nome de batismo registrado em cartório. E eu já imaginei algumas vezes assinando como Ulisses "Patofu" Góes, como eu mesmo tenho feito por diversas vezes em comunidades no orkut.
E para prender esse meu texto escrito nessa madrugada de 11 de abril, e não deixar nenhum ponto sem nó, já que falei em orkut, foi justamente depois de ver Fernandinha sendo entrevistada por Jô Soares e divulgando seu primeiro álbum-solo que eu fui no orkut catar esse inesperado álbum intitulado Onde Brilhem Os Olhos Seus. E como eu disse no início, que coisa mais linda e intimista, suave e delicada. Vocês estão ouvindo? É Fernanda Takai, que Pedro Alexandre Sanches, em seu blog, carinhosamente chama de a japonesinha da família paterna Takai, a indiazinha amazonense, a brasileirinha de pop-rock gringo-mineiro do Pato Fu. Arigatô Gozai Masta, Fernanda.

segunda-feira, 24 de março de 2008

O mundo está doente e os noticiários não são nada agradáveis. As imagens nos pertubam, e as informações nos intimidam. Cada vez mais doente, cada vez mais violento, cada vez mais perigoso, o mundo oscila como a chama de uma vela no soprar de ventos frios. O Rio de Janeiro mergulha numa epidemia de dengue, Os Estados Unidos anunciam uma possível recessão econômica, a China se envolve em conflitos com os monges tibetanos, crianças cada vez mais novas se envolvem com drogas e prostituição, e cada vez mais falcatruas e corrupções são descobertas e desarticuladas. Para falar a verdade, eu não me sinto abalado com todas essas notícias. Apenas me sinto incomodado em estar vivenciando claramente um período da história da Humanidade onde o inferno está em fase de acabamento aqui, entre nós.
Lógico, quando nos sentimos intimidados dessa forma pelo mundo ao nosso redor, a primeira coisa que tentamos fazer é sermos otimistas e pensar que tudo poderá ser resolvido, poderá ser solucionado. E mais, buscar mostrar a si mesmo que o mundo não é feito apenas de infernos em vários níveis. Existe o nascer e o pôr do sol, existem as amizades, existem músicas que te envolvem e tornar seus dias mais suportáveis. Existem as coisas as quais você gosta muito e que você procura se apegar, criando seu próprio mundo de valores, condutas, momentos, sonhos, objetivos, imagens e sons. É o seu abrigo que o protege contra o mundo lá fora, que está sendo destruido gradativamente, alienado constantemente, queimado, poluído, assassinado, estuprado, atropelado,incendiado.
Esses últimos dias tive a grata satisfação de me deparar com vários álbuns da banda californiana Cake. Eu já havia baixado um álbum deles há alguns meses atrás, Pressure Chief, e fiquei ouvindo durante vários dias a música Guitar Man. Dessa vez, baixei na internet toda a discografia deles, inclusive um álbum ao vivo, Cake - Live At The House Of Blues [2003], e passei esses dias purificando meu espírito com suas músicas leves e bem humoradas, com pitadas de funk, ska, pop, jazz, rap e country e letras irônicas. Comfort Eagle, Short Skirt/Long Jacket, Commissioning a Symphony in C, Love You Madly, e diversas outras pérolas de Cake iluminaram meus dias, marcados por notícias pertubadoras e insistentes. E eu, como sempre, impelido por uma força íntima e poderosa, lapido em forma de palavras minhas profundas impressões sobre esse mundo fora de órbita e em rota de colisão com seu próprio inferno.

Uma Sinfonia em C

Eles estão erguendo religiões e construindo líderes
Eles estão criando conspirações e comissões de inquéritos
Intrépidos e inquietos os seus pés de fogo em espirais de fumaça
Estão traficando sua liberdade e comendo suas crianças
Estão trancafiando sua sanidade em filas febris e doentes

Eles estão queimando suas esperanças com madeira de lei
Estão sufocando sua gargante com violência gratuita
Estão matando em ligações por celulares
Canibalizando o que resta de suas virtudes escondidas
Exterminando sua racionalidade com sete balas

Eles estão fazendo esse mundo oscilar numa dança
de cadávares nas pistas e corpos desovados
Estão plantando terrorismo em vasos de estrume e sangue
Estão poluindo seu café da manhã e fumando seu almoço
Estão drogando suas inocências e cancelando seus vôos

Eles estão congestionando suas vias e atrasando seus objetivos
obstruindo suas conexões e desprezando seus princípios
Enterrando suas resistências e afogando suas conquistas
E você, depois de lavar suas mãos, olha para o espelho sorrindo
enquanto assobia uma bela e destoante sinfonia em C.


Ulisses Góes, outono de 2008

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Há algum tempo atrás eu escrevi um conto onde o personagem principal estava em conflito intenso com o mundo à sua volta. No decorrer da história, descobria-se que ele era um sequestrador que mantinha um jovem refém em seu poder no meio de uma rodovia deserta. Entretanto, ele, o sequestrador, tinha a estranha sensação de que estava sendo constantemente observado por centenas de olhares curiosos e atentos, e em determinados momentos, tinha quase certeza de estar ouvindo vozes em sussurros ao seu redor. Depois de dirigir um maverick por uma rodovia secundária estadual, ele podia achar natural que estivesse cansado, exausto e, por isso mesmo, poderia estar tendo surtos estranhos e momentâneos, resultado do stress da situação na qual estava envolvido: um sequestro. Porém, as sensações tornavam-se cada vez mais claras e insistentes, intermitentes, nervosas e constantes.
Na época, eu estava escrevendo diversos contos, e experimentava um pouco de uma prosa nervosa e cinematográfica. Situações intensas, rápidas, dolorosamente poéticas. Nesse conto do sequestrador, eu sabia, a princípio, o que se passava com ele. Imagine então que você é o sequestrador. E se, de repente, no meio de sua vida, justo quando você está vivendo uma situação pertubadora, você começasse a perceber que era um personagem fictício de um filme? Qual seria realmente sua reação? Não cheguei a terminar este conto, mas a idéia ficou em meu íntimo, guardada, esperando sempre o momento de ser finalizada.
Então, recentemente, descobri um fabuloso seriado na HBO chamado Life On Mars, que relata a história de um policial britânico que sofre um acidente nos dias atuais, e repentinamente acorda nos anos 70, mais precisamente no ano de 1973. Ele fica confuso, pertubado a princípio, tentando entender o que está acontecendo com ele. E aos poucos, no decorrer dos episódios do citado seriado, ele vai descobrindo que pode estar em coma, em decorrência do acidente sofrido. Porém, tudo é tão confuso e aparentemente tão real, que ele tem a sensação de ter voltado no tempo e acordado naquela época em específico.
Não tive dúvidas. Primeiro, lembrei rapidamente de meu conto escrito há tempos atrás, e que tem uma semelhança contextual de confusão do personagem com o universo no qual ele está inserido. Logo em seguida, eu já tinha certeza de que tinha gostado, e muito, do seriado. É o tipo de história que me fascina, esse mistério criativo e original de contar uma história buscando novas diretrizes para o enredo. utilizar a situação do acidente e do Coma vivido pelo personagem para inserir toda uma possibilidade de histórias é realmente formidável. A propósito, o título do seriado faz alusão à uma música de David Bowie, "Life On Mars", de 1973, que tocava na rádio no momento em que o personagem Sam sofre o acidente. Nada mais original e insólito do que essa licença poética e referência musical. É um dos seriados lançados recentemente pela HBO que eu realmente recomendo a todos, para fugir um pouco da obviedade dos grandes seriados [24 Horas, Smallville, Lost, Heroes] mais vistos na TV atualmente.
Enquanto isso, o personagem do meu conto continua ainda sem saber como sua própria história termina. Quem sabe eu ainda termine ela por esses dias.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Não se sinta sufocado com a profusão de idéias, nem se deixe intimidar com a sensação de falta de ar ao tentar buscar oxigênio ao seu redor. O recinto pode até parecer diminuto, mas os pensamentos são imensos, apesar de parecerem submersos. Faz tempo as sirenes soaram o ensurdecedor sinal de "perigo iminente"े. Mas você, completamente afogado na sonoridade de suas mp3 de seu ipod, não escutou o chamado que o poderia salvar. Já era tarde, e não havia mais razão para colocar aquela máscara no rosto. Depois de inalar todo aquele ar impregnado de partículas poderosas, seu cérebro agora rodopiava ferozmente em um furacão de idéias. Seu sangue adrenalizado, sua cabeça produzindo todo tipo de palavra, imagem, som. Não havia mais qualquer tipo de retorno, e o processo era completamente irreversível. Você já estava contaminado. E todas as verdades do mundo estavam prestes a se descortinar completamente diante de seus olhos. E você começaria, então, a entender que não havia mais razão plausível para usar aquela máscara.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Onde está a verdadeira violência e o incentivo à luta armada entre jovens, crianças e adolescentes? Estaria aqui no Brasil, sob a forma velada e disfarçada de um jogo online, onde garotos se divertem virtualmente de mocinho e bandido? Ou estaria ela exposta abertamente nas terras do Oriente Médio, ao norte de Bagdá, pelo grupo Al-Qaeda, que treinar crianças para operações terroristas? essa pergunta poderia ser feita sem medo algum para a Justiça brasileira, principalmente para o Senhor "excelentíssimo" juiz Carlos Alberto Simões de Tomaz, 17ª Vara Federal da Seção Judiciária do Estado de Minas Gerais, autor da lei polêmica que proíbe a venda dos jogos CS e Everquest aqui no Brasil.
Sinceramente, a mente humana tem uma complexidade que é dispensável em alguns casos. Chega a ser hilária e ridícula a atitude "sensata" do Sr. juiz, em querer proibir a comercialização de um jogo que, segundo ele, "trazem imanentes estímulos à subversão da ordem social, atentando contra o estado democrático e de direito e contra a segurança pública, impondo sua proibição e retirada do mercado". Ora, Sr. Juiz, faça-me o favor! Você quer algo mais subversivo do que a corrupção dos políticos brasileiros? Poderia ser jogada na cara do Sr. Juiz fatos mais aterradores e que seriam verdadeiros atentados contra o tal estado democrático e de direito e contra a segurança pública, como a miséria e a fome que passam milhares de crianças e suas famílias, sobrevivendo nas periferias e favelas, onde a verdadeira violência [essa sim] deveria ser combatida e proibida por você e toda a Justiça brasileira!
Essa justiça brasileira, e o sr. Juiz Carlos Alberto poderiam e deveriam assistir aos trechos dos vídeos apreendidos pelo comando americano no Iraque, e que foram apresentados à imprensa nesta semana. Eles mostram crianças com idades entre 10 e 15 anos empunhando armas de todos os tipos: pistolas, kalachnikovs, metralhadoras PKM. Usando camisas de futebol, elas têm seus rostos tapados por tocas negras. Em um trecho do vídeo, as crianças bloqueiam um ciclista em uma barreira e o forçam a ficar de joelhos com uma pistola apontada contra sua cabeça. Em outra parte, as crianças aprendem a se movimentar entre muros em ruínas, tomam posição em um palmeiral antes de atacar uma casa e de aprisionar seus ocupantes, sempre monitorados por homens adultos encapuzados.
Essa é a verdadeira violência que está sendo ensinada e incentivada entre crianças e adolescentes, lá no Oriente Médio. Isso, sim, deve ser combatido de maneira enérgica e decisiva por todos nós, não importa onde estejamos. Devemos mostrar nosso repúdio a esse tipo de situação proporcionada pela Al-Qaeda. E mostrar para a Justiça brasileira que ela está combatento o inimigo errado aqui no Brasil, com atitudes completamente ineficazes.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

O filme estrelado recentemente por Will Smith é emblemático. Silencioso, impactante, Eu Sou a Lenda trabalha de forma impactante a questão temerosa da Humanidade com relação a sua frágil condição sobre a face da Terra. Uma possível extinção da raça humana através de uma catástrofe de proporções gigantescas sempre rondou o nosso imaginário, e quando um filme toca nesse assunto, sempre ficamos a nos questionar e a pensar sobre isso. Temas como esses me atraem literariamente falando, e me vejo constantemente visualizando pensamentos, idéias, conjecturas, me proponho histórias e relatos fictícios. Meu livro Cacaos, ainda não publicado, é a prova definitiva do quanto esse tema sempre atual me hipnotiza e me induz a escrever sobre esse tema desafiador.
Em meu livro, um jovem retorna para sua terra natal após alguns anos vivendo nas metrópoles do sul do país. Na realidade proposta pelo meu livro, o mundo está mergulhado em uma guerra mundial que pertuba a todos, também apreensivos pela possível queda de um meteoro em nosso planeta. No meio de sua viagem de retorno, o jovem acaba sofrendo um acidente no ônibus no qual viajava. E após o acidente, ele acorda ferido, sozinho e sua última lembrança foi ter visto um clarão forte na linha do horizonte. E é justamente nesse ponto que meu livro e o filme estrelado por Will Smith se aproximam muito. Catástrofe mundial, possível extinção da raça humana, e alguém sozinho vagando em lugar deserto, buscando encontrar sinal de vida.
Esse tipo de história é fascinante, e ao mesmo tempo aterrorizante, pois sempre dá margem a diversas interpretações das situações que, a príncipio, não mostram explicações plausíveis e acabam criando uma aura de mistério e suspense, deixando no ar diversos questionamentos sobre o que realmente aconteceu e mais interrogações sobre o que futuramente poderá acontecer. E atualmente, nossa realidade está nos trazendo esses mesmos questionamentos, sempre que pensamos nos problemas que a Humanidade têm enfrentado, seja em nível ambiental ou terrorista. É como se fosse o prenúncio do fim, onde vivemos dias angustiantes, e assim permanecemos, justamente pela impossibilidade de sabermos com precisão quando seremos novamente engolidos pelas ondas de um tsunami.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

E começamos mais um ano, mais um ciclo de compromissos, de metas a serem alcançadas, objetivos a serem estabelecidos. Faz tempo eu percebi que não consigo me adaptar mais a esse esquema popularizado e universalmente seguido pela Humanidade, esse de parar em uma determinada época do ano e reavaliar suas atitudes, repensar suas idéias, reoganizar suas metas. Descobri que os inícios e os fins de meus ciclos não seguem o padrão dos ciclos seguidos pela Humanidade. Não preciso de Natal e Ano Novo para repensar minha vida e reestabelecer metas prioritárias para o próximo ano. Não preciso que um ano se inicie para que eu decida que ciclos e períodos em minha vida terminaram e outros tiveram início. Meus ciclos seguem andamentos próprios regidos por mim.
Tenho vivido dias calmos, organizados, premeditados até. Meus dias são calmos, sem pressa exagerada. Saboreio meus cafés matinais, faço minhas próprias refeições com extremo zelo. Carnes ao molho, cafés com pitadas de chocolate, pães árabes com queijo derretido. Tenho assistido TV sempre buscando mais informação e cultura. Assisto a vida dos suricatos no Animal Planet, dou risadas com os Padrinhos Mágicos e me empolgo com Avatar na Nickelodeon, vejo bons filmes na HBO, seriados de minha preferência na Warner. Não tenho dívidas preocupantes, nem compromissos comprometedores demais. Meu afilhado sempre me visita e brinca com a sua gatinha Luppichan [ainda não me acostumei com esse nome nela], branquinha e brincalhona. Minha periquita Ana Luíza [presente de outro afilhado meu] adora passar as manhãs vendo o movimento da rua da janela.
Tudo isso ocorrendo sempre dentro de meus ciclos constantes, impregnados de sentimentos, surpresas, vivências, convivências, experiências. Acho que estou aprendendo a não deixar minha vida ser regida por ciclos que nada tem a me dizer ou nada me trazem de realmente positivo. Meus ciclos são feitos por mim mesmo e começam e terminam quando eu considero que eles devam ser iniciados ou terminados, ou quando fatos e momentos importantes de minha vida determinam o início e o término dos mesmos. Por isso, não estranhe se eu te desejar um bom 2008 lá para maio ou junho. Provavelmente eu esteja terminando meus ciclos pessoais e iniciando novos.
 
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