sexta-feira, 24 de fevereiro de 2006

Parecia até que eu estava lá, e realmente eu queria ter estado, presenciar de perto aquele show incrível, fabuloso, mágico, fantástico. As outras tournês do U2 nem ao menos houve a possibilidade de se acompanhar pela TV, além do que a última vez que o U2 veio ao Brasil foi com o POP Mart, um show que praticamente não faço idéia de como foi. Somente depois de lançar All That You Can't Leave Behind [2000] e How To Dismantle An Atomic Bom [2005], é que a banda resolveu trazer o Vertigo Tour para as terras brazucas. E dessa vez foi algo completamente diferente, mais envolvente, mais intenso. Apesar de ter assistido ao show pela tv, e já ter assistido ao DVD do show Live From Chicago por diversas vezes, poder acompanhar todo o evento proporcionado por Bono, The Edge, Adam e Larry foi algo como que um prêmio para quem não teve a oportunidade ou a impossibilidade de estar presente ao show. Momento inesquecível do show? Com certeza, o momento em que aquele jovem pernambucano de Caruaru subiu ao palco e soltou sua voz rouca para cantar junto com Bono. Para Victor [na foto acima, ao lado de Bono], um sonho plenamente realizado, e fico extremamente feliz por ele, pois em parte ele acabou realizando um sonho meu também, que sempre foi o de ir em show do U2. E lá estava aquele jovem feliz ao extremo, erguendo os braços ao alto, um pedaço de cada um de nós ali em cima, no palco, sentindo o gosto daquele momento, cada um como um pedaço daquele sonho ao vivo para todo país. Miss Sarajevo ainda ecoa em meus ouvidos, e o sorriso extasiante de Victor e a Declaração dos Direitos Humanos no imenso telão. Como não se emocionar com todo aquele público cantando num coro uníssono músicas memoráveis? Até minha mãe assistiu ao show e se emocionou ouvindo aquelas músicas. Mas infelizmente, tudo na vida é efêmero, até os melhores momentos passam, e cabe apenas a cada um de nós torná-los eternos em nossas memórias e nossos corações.

E você sente como ninguém antes
Você rouba bem debaixo de minha porta
E me ajoelho porque te quero um pouco mais
Eu quero muito do que você tem
E não quero nada que você não seja

Original of the Species - U2
Álbum How To Dismantle An Atomic Bom [2005]

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2006

E mais um show do U2 no Brasil que eu não terei o prazer de presenciar, por motivo de força extremas. Se fosse no Rio de Janeiro, podem ter certeza absoluta de que eu já estaria lá nesse momento, curtindo cada dia, aguardando o dia esperado do show e lançando comentários diários aqui em meu blog, como se fosse um correspondente jornalístico, transmitindo notícias de lá de dentro do front musical. Mas shows em São Paulo me inviabilizam de muitas maneiras e realmente fico impossibilitado de ir até a capital paulista. Mas eu tenho certeza de que ainda irei um dia ao show do U2, e postarei em meu blog num futuro próximo. Essa semana escrevi mais versos sobre amor, essa semana pensei mais na minha vida, e me vejo cada vez mais analisando e concluindo situações e momentos em minha vida, e parece que estou a planejar meus passos futuros de alguma maneira. Meu sonho maior sempre foi ser feliz ao lado de quem a gente ama de verdade, e em raros momentos de minha vida consegui isso. Há tempos atrás eu estaria feito um louco, correndo atrás desse sonho, passos desnorteados, olhos alucinados, coração desesperado. Hoje, talvez um pouco mais maduro, talvez um pouco mais marcado pelas batalhas diárias da vida, cheio de algumas cicatrizes, carregando agora um pequeno baú de experiências, não corro mais atrás desse sonho, com passos desnorteados, olhos alucinados ou coração desesperado. Eu apenas agora sonho ele, sentado num gramado, admirando o poente e as belezas que desfilam livres, sentindo meu coração pulsando numa adrenalina intensa. Eu sei agora exatamente quem eu sou, o que sou, como são definitivamente meus sentimentos e como conviver com eles de maneira positiva. Mas enfim, todo poeta sofre, e meu sofrimento ainda existe, só que agora um pouco menos amargo.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2006

Eu tenho vários dons, e muitas vezes só descubro isso depois de usá-los. Tenho o dom de ser amigo, tenho o dom de perdoar, de persuadir de maneira positiva, tenho o dom de curar feridas internas, tenho o dom do ser otimismo. Muitos podem realmente vir a dizer que isso são apenas qualidades, mas eu acredito que hoje elas se tornaram dons especiais. E tudo porque o mundo involuiu, e regride na mesma velocidade em que você consegue pensar. Os valores se distorceram, as pessoas se dissimularam completamente, a Humanidade se perdeu num labirinto consumista, individualista, agressivo, pertubador. Por isso mesmo que eu digo que as qualidades ascenderam ao patamar de dons. Não é mais pra qualquer um saber perdoar. Perdoar se tornou algo iluminado, um poder que se eleva acima das pobres cabeças perdidas nas massas errantes e transitantes pelas vias expressas, se espremendo atônitas e aflitas pelas calçadas em busca dos segundos perdidos. Bom, se não se tem mais tempo para sorrir ou dar uma boa olhada num entardecer, com certeza todos tem tempo de ir ao shopping, se embrenhar pelas filas das compras, se anestesiar nas filas dos bancos. Isso é nosso mundo de hoje, infelizmente.

Aqui eu deveria estar falando de trivialidades, comentando sobre como foi meu dia, minha rotina sutil de levantar e deitar, comer e correr, pagar e trabalhar. Mas acabo sempre usando outro dom meu [o de escrever] para buscar o significado por trás de toda rotina, a filosofia por tras de cada gesto e cada atitude nossa. E aí transformo tudo num cataclisma poético, numa licença lírica de versos que fluem pela minha veia e mantêm meu corpo vivo e meu espírito pulsando. Meu segundo livro está praticamente pronto, os detalhes agora são mais técnicos e artísticos, e tenho certeza de que até antes de abril estarei lançando ele. Tenho o dom da paciência, mas sinto certa necessidade urgente em lançar logo esta minha nova obra, pois já tenho mais dois trabalhos prontos e finalizados. Tenho outro dom, o de sonhar sempre, até mesmo de olhos abertos. Sonhar de olhos fechados só mesmo para os exaustos das rotinas cansativas e diárias deste mundo desmbestado e perdido.

R.E.M.

Não enxergo a linha do horizonte
Estou atordoado
pelo asfalto que esquenta meus pés
e pelo amor que consome
este coração que se desfaz
em lágrimas que se evaporam
no Tempo antes que possam
tocar a Terra em beijos suicidas

Tudo parece um sonho
Onde nossos olhos brincam no escuro
Mas o dia avisa a claridade
E a ardência navega minha pele
Não enxergo vitórias nem glórias
Apenas vislumbro sua silhueta
Brincando e sorrindo ao meu redor

A estrada reflete em seus olhos
E tudo se confunde se funde e no fundo
Terra e Céu se afundam
Em nossas realidades oníricas
Tudo em mim flutua neste sonho

Asas rasgando cumulus e nimbos
E eu sendo açoitado pelos ventos
De meus pensamentos
Soprados de ti
Penhascos e abismos
Sussurros e suspiros
Sinto vertigens por teus sorrisos
Mas não é tempo de acordar
Nosso sonho não amanheceu ainda.

do livro À Sombra de Um Eclipse,
Ulisses Góes // a ser lançado
neste ano de 2006
 
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