quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Véspera de Natal. Para a maioria, uma data festiva, motivo para reuniões familiares e troca de presentes, além de exercitar esse tão falado espírito natalino, desculpa estranha para querer ser benevolente somente nessa época do ano. Para mim, uma dia como outro qualquer, sem muita expectativa ou ansiedade por eventos importantes em família. Falando em família, sou nostálgico o suficiente para lembrar de meus Natais passados, de quando eu curtia mais essa época do ano. Quando eu morava com minha família, minha mãe e meus irmãos, eu gostava de arrumar a árvore e seus enfeites. Hoje não moro mais com minha família e aqui em casa não existe uma evidência sequer que possa denunciar a época natalina, sem um enfeite sequer, nada. Não que eu seja indiferente com relação às festas de final de ano, apenas não me empolgo mais com esse Natal marketeiro e altamente consumista. Simplesmente esse Natal não consigo me encaixar.
A única coisa boa desse dia de hoje é que amanheceu nublado e agora chove mansamente. Espero que o dia todo seja assim, pois curto muito dias nublados e chuvosos.
E para combinar com um dia como hoje, escolhi Dido como trilha sonora. Nada daquelas músicas ridiculas de Natal, aquelas melodias repetitivas e deprimentes, pelo menos para mim. Não há coisa mais estúpida do que aqueles temas natalinos ao toque de harpas. E coincidentemente, justo quando tive vontade de ouvir No Angel, descubro que Dido acabou de lançar seu novo trabalho este mês. Safe Trip Home caiu como uma luva para o momento, e aqueceu meu coração com canções lindas e uma voz maravilhosa. Concordo plenamente que Dido possui uma voz bossanova aconchegante e hipnotizante, e esse trabalho novo dela apenas confirma isso. E a leveza de sua voz sofreu uma evolução positiva, já que Dido ficou distante do holofotes desde seu último trabalho, Life For Rent, de 2003, para estudar música, engenharia de som, arranjos e masterização na Universidade da California. O resultado é um álbum maduro, com canções mais introspectivas e sérias, muito provavelmente influenciadas pela morte de seu pai. Como sempre, o sofrimento transformado em arte resulta em uma riqueza inquestionável de imagens, prosas, poesias, melodias. Basta ouvir Grafton Street, do novo álbum de Dido, e você compreenderá com mais intensidade tudo o que escrevi aqui.
E que todos tenham um bom dia nublado e chuvoso.

sábado, 20 de dezembro de 2008


É algo que eu ainda não tinha feito até hoje. Nunca peguei um texto escrito por mim sobre determinado assunto e contextualizado ele em versos, transformando-o em um poema. Percebi lirismo no que eu havia escrito há mais de 1 ano em um texto com o título "O DNA de um herói". Ultimamente, meus poemas estão um tanto quanto ácidos e pesados. Inclusive, "pesado" foi a definição dada pelo meu afilhado Thalles depois de ler um outro poema meu intitulado "Uma Sinfonia em C". Os dois poemas em si descrevem um mundo conturbado e caótico, alucinantemente infernal e pertubador, perdido em rotinas de violências e catástrofes. Tudo isso filtrado por mim e canalizado em versos "pesados". A propósito, meu afilhado criou um blog esta semana, Ankh's Blog, onde ele também expõe suas impressões sobre este mundo, além de postar poemas escritos por ele. Clique e confira.

Os passos de Johnnie

Acordei hoje e vi o tempo em que vivemos.
Pessoas tragando falsas verdades
gente em pose fumando puras ilusões
nicotinizadas em hipocrisias e vícios

O mundo se aquece, as pessoas se matam,
os invejosos se corroem, o Natal se consome.
E sobre os escombros e no meio de enchentes
todos precisam continuar andando sem parar.
"Keep Walking, Johnnie Walker"

Sou herói de mim mesmo nestes dias sufocantes
Transfiro toda minha transpiração para meus poemas
Estou suando em palavras pelos poros
Derretendo minha raiva em versos.
Continuo seguindo meu caminho
Vendo as pessoas em pose colocando
mais gelo em seus copos de uísque.

por Ulisses Góes, final da Primavera de 2008.

O mundo é um imenso turbilhão de consumismo. E a época em que isso fica mais exposto é justamente o Natal, onde todos correm atrás dos presentes a serem dados para seus familiares e amigos. Não há como negar que atualmente o Natal é isso, consumismo descarado e desenfreado. Acredito que nem mesmo a atual crise econômica mundial está freando as pessoas em suas compras pelo shopping. Provavelmente poucos estejam pensando no futuro, e buscando fazer suas economias ou evitar criar mais dívidas que se multiplicarão no decorrer do início do próximo ano. Tudo em torno do Natal foi criado e gerado para fazerem as pessoas consumirem, gastarem o que tem e o que poderão ter mais adiante. Até mesmo o Papai Noel que nós conhecemos, vestido nas cores vermelha e branca, foi obra da Coca-Cola, que em 1931 realizou uma grande campanha publicitária vestindo o Noel com tais cores, o que foi muito conveniente, já que são as cores presentes no rótulo do refrigerante. Lógico que a campanha foi baseada na criação do cartunista americano Thomas Nast, lançada em uma revista americana de 1886. De qualquer forma, a Coca-Cola é a responsável por difundir a imagem do papai Noel como ele é hoje. Coisas de nosso planeta consumista e regido pela mídia da propaganda.
Não que eu seja contra esse mundo consumista no qual vivemos, apenas considero certo exagero a maneira como esse consumismo é colocado pela mídia e por todos. Essa necessidade imperiosa de comprar presentes, essa "obrigação" que eu considero realmente desnecessária. Mas trata-se de convenções do mundo moderno, então não há muito o que se fazer. O máximo que se pode fazer é expor sua opinião sincera, sua indignação, sua queixa, caso a tenha com relação ao caso. E desejar Boas Compras e Felizes Dívidas Novas em 2009.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

O mundo está girando em águas turvas e tempestades que parecem inacabáveis. Depois de assistir tantas tragédias por contas das inundações e desabamentos provocados pelas chuvas em Santa Catarina neste final de ano, chego à conclusão de que as mudanças sofridas pelo planeta por conta do aquecimento global são fatos reais e televisionados para todos constatarem. E toda aquela história de que o Brasil é o país do futuro e de que as consequências ambientais por causa do aquecimento globais serão desatrosas para todos futuramente não funciona mais com o verbo sendo utilizado no tempo que ainda está por vir. O tempo já veio e está passando diante de nossos olhos. O mundo está girando em águas, e elas estão caindo em proporções muito maiores do que antes. E o que me revolta mais é que, enquanto milhares e milhares de pessoas sofrem tragédias imensas com perdas materiais e morte de familiares, eu consigo enxergar aqui, entre pessoas com quem convivo, aquela insistência em continuar vivendo dramas pessoais absurdamente ridículos. Discussões ridículas por motivos mais ridiculos ainda, falta de bom senso ao lidar com problemas que aparentam ser maiores, mas que não são. Dramas pessoais e familiares onde a solução é simples e pode ser efetivada em poucas e sensatas atitudes.
Entretanto, nem todos costumam cultivar o bom senso, a paciência e a lógica para lidar com problemas que podem muito bem ser neutralizados, isolados ou cortados pela raiz. É triste observar isso. O mundo se acaba em tragédias, e muitas pessoas não se dão conta de que, diante de tantos desastres maiores, seus próprios problemas são pequenos e fáceis de serem resolvidose até mesmo evitados. E aqui estou eu, vez ou outra vivendo entre pessoas estressadas, nervosas, ansiosas, e tendo que me proteger de tudo isso, principalmente porque procuro de todas as formas cultivar sentimentos opostos a tudo isso. Enquanto todos se jogam premeditadamente aos ventos dos tornados, eu me concentro em ficar no olho do furacão.
A imagem acima é da capa de um dos álbuns da banda texana V.A.S.T., recomendada para quem curte rock alternativo sem pretensões. Recomendo ouvir Music For The People [2000] e Nude [2004].
 
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