segunda-feira, 28 de agosto de 2006

Minhas asas negras de outros tempos

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Se existe uma banda que tem uma aura dark, densa, penetrante e consistente, e que reflete toda uma atmosfera sinistra e melancólica presente em boa parte da década de 80 e início dos anos 90, essa banda se chama Depeche Mode. Muitas de suas músicas exalam um clima sombrio, soturno, e minha adolescência teve em sua trilha sonora algumas músicas marcantes do Depeche Mode. Never Let Me Down Again, Behind The Wheel, além de Strangelove, criaram contornos marcantes em muitos momentos de minha vida, onde eu sofri, chorei, amei, e senti o relativo gosto da felicidade nessa época de nossas vidas. Época de efervecência de sentimentos, sensações, descobertas. E muitas de minhas descobertas em minha vida, eu as fiz no silêncio mais extenso de meus atos, minhas atitudes, a maioria delas movidas pelo coração. E esse silêncio era quebrado sempre pelas minhas conclusões ensurdecedoras e por alguma canção de uma banda que eu começava a curtir na época. Uma dessa bandas foi o Depeche Mode, que acabou se unindo às minhas conclusões ensurdecedoras. Naquela época, eu absorvia o som da banda de uma maneira própria, de acordo com minha idade, meu estado de espírito, minha forma de enxergar o mundo. E ele já se mostrava caótico já naquela época.
O tempo passou, eu cresci, e fui ampliando meus horizontes musicais, e fui deixando algumas bandas que eu ouvia para trás, guardadas apenas naquela época em que tudo para mim parecia amplificadamente mais difícil, complicado, complexo. Deixei de ouvir Depeche Mode, mas nem por isso a banda deixou de seguir seu caminho, lançando seus trabalhos, suas músicas sinistras e melancólicas, e sempre se adequando à épocas e aos estilos musicais reinantes.
Quase 10 anos depois do lançamento de Strangelove, uma das músicas que passearam a trilha sonora de minha vida, aqui estou eu ouvindo novamente Depeche Mode sem medo de me sentir datado, ou ultrapassado. A banda parece que submerge de dentro de mim, busca respirar novamente, depois de tanto tempo esquecida nas profundezas. Comecei ouvindo o novo trabalho da banda lançado esse ano, e que realmente gostei muito: Playing The Angel. E hoje culminou com minha busca insistente pelo show mais recentes deles. Tudo porque li uma notícia essa semana de que em setembro eles estarão lançando o DVD da Tournet de Playing The Angel. Touring the Angel - Live in Milan realmente precisava ser lançado, pois o único registro de show ao vivo do Depeche Mode que eu tenho em minha mente é o do álbum 101, que por sinal é o álbum mais significativo da carreira da banda. Então fui atrás de algo mais, e acabei encontrando Touring The Angel 2006 CD - Live at Bremen Weser Stadion, um show deles na Alemanha. E o que antes era um combustível para a minha adolescência conturbada, hoje se mostra um revigorante para minhas idéias e meu amadurecimento enquanto pessoa. E então percebo que aquele anjo negro que todos temos dentro de nós não desapareceu, apenas está meio adormecido, meio domado, meio dominado, apenas quietinho, nos observando sutilmente. Acredite ou não, eu já tive asas pretas e um céu escuro ao meu redor.

Precious

Angels with silver wings
Shouldn't know suffering
I wish I could take the pain for you.

If God has a masterplan
That only he understands
I hope it's your eyes he's seeing through.

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Anjos com asas prateadas
Não deveriam conhecer o que é sofrer
Quem dera eu pudesse suportar a dor por você

Se Deus tem um plano mestre
Que só ele entenda
Eu espero que seja pelos seus olhos que ele esteja vendo

trecho do música Precious, do álbum
Playing The Angel, lançado em 2006
pelo Depeche Mode

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