domingo, 6 de novembro de 2005

Abortos sentimentais

Um comentário:
 
Estou perdendo noites e me transformando em um ser virtualmente boêmio, me envolvendo em relações distantes, discutindo opiniões, vivenciando mais as pessoas atrás dos monitores do que mesmo nas ruas de minha cidade. E nunca me imaginei ouvindo rock gótico e punk cru. Nunca me imaginei escutando Nightwish, por influência de uma amigo meu que acabou me adotando como mano mais velho dele, e me pediu pra ser padrinho dele. Sempre me surpreendo como as pessoas acabam fazendo parte da vida da gente de alguma forma e acabam deixando suas marcas na gente, suas influências, numa troca recíproca de experiências. Depois de alguns sonhos meus espatifados e projetos que não deram em nada, me senti um pouco mais sozinho, mas no sentido de que parece que cada vez mais dependo apenas de mim pra poder girar as manivelas que movem meus sonhos. E fico ouvindo esses petardos do Green Day, no CD American Idiot, um retrato limpo e preciso de um país que é tão podre e cheio de defeitos como qualquer outro. Os estados Unidos sempre foram um pesadelo para todo o mundo, e depois de atentados, furacões, tempestades tropicais, os americanos percebem cada vez mais que são tão frágeis quanto qualquer outro país menos desenvolvido.

E as pessoas se apaixonam sempre por mim, e não consigo explicar como isso acontece, qual a química transcendental que me permeia, qual aura significativa de emoções me elabora a alma, para que pessoas tenham a sinceridade ativa de me dizer palavras de amor e de afeto. Música mais apropriada para essas palavras que escrevo é Wake me up when September ends, do CD novo do Green Day. O que move as pessoas são emoções e atitudes. Umas são movidas pelo coração, e a maioria pela razão crua, nascida do instinto cruel de sobrevivência. Se arrancar a pureza dos sentimentos e deixar a fúria das ações, o atrito das forças, sobra apenas um mundo sombrio de instintos e luta pela sobrevivência. Agora estou descartando sentimentos e escrevendo na fúria das palavras. Por isso estou ouvindo Dinho Ouro Preto ressucitar O Aborto Elétrico, uma das primeiras bandas de punk rock do Brasil com destaque no cenário nacional. E no final, me deparo com um mundo onde o amor é desesperador, quando não deveria ser. Um mundo onde os nossos sentimentos são sacudidos, e onde as pessoas vivem esmagando os sentimentos, estraçalhando as amizades, despedaçando os carinhos. E o que deveria ser a descoberta de sentimentos mágicos, acaba se transformando em desespero para entender algo que parece nos sufocar mansamente no meio do mundo moderno e sujo. Conclusão: estão abortando o amor antes mesmo que ele nasça dentro de você.

Love Song One
[Renato Russo]

Você me faz pensar demais
Sempre quando quero tentar
Ser só mais um que quer você
Ah! Não consigo entender
por que eu quero você
Não consigo entender

Você me faz deixar pra trás
tudo que faz lembrar
Como é viver sem ter você
Ah! Não consigo entender
por que eu quero você
Não consigo entender

Eu não sei mais voltar atrás
nunca deixei
quero parar de ser só
mais um que quer você
Ah! Não consigo entender
por que eu quero você
Não consigo entender

Você me faz pensar demais
Sempre quando quero tentar
Ser só mais um que quer você
Ah! Não consigo entender
por que eu quero você
Não consigo entender

Faixa do novo CD "MTV Especial
Aborto Elétrico", de Capital Inicial

Um comentário:

  1. aew, foi uma coisa meio profunda isso...
    eu gostei.
    soh q vc fala mto dificil^^
    ahn, eh msm, td mundo ama vc

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