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segunda-feira, 30 de julho de 2012

O Escrinauta ~ Cafeína

O Escrinauta ~ Cafeína

"A pálida luz amarelada vinda de um poste na rua adentrava por uma das janelas quebradas naquele andar do prédio abandonado. Henrique segurava firme o Livro Negro sob essa luz enquanto observava atento sua capa de couro preta e enrugada adornada por um símbolo diabólico. Logo abaixo do símbolo estava escrito em letras prateadas 'Livro da Morte'. Seu irmão caçula Roney, que iria completar 13 anos no próximo mês, dormia ao seu lado, a cabeça pendendo em seu ombro, um sono de completo cansaço. Henrique já havia folheado aquele livro várias vezes, mas nunca se cansava de repetir a mesma ação, como se quisesse ter certeza de que aquele objeto em suas mãos de fato existia. Logo na contracapa havia uma espécie de regras de como utilizar o Livro, regras que já havia lido o suficiente para saber o poder que tinha em suas mãos. Subitamente um barulho estranho ecoou pelos corredores próximos de onde estavam escondidos, tirando instantaneamente a atenção de Henrique do Livro para a direção de onde viera o ruído sinistro." Por um instante, os dedos do Escritor cessaram. Seu olhar fixo no monitor passou para o teto, como se quisesse descansar a cabeça inundada...

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domingo, 29 de julho de 2012

O Escrinauta ~ Perturbação

O Escrinauta ~ Perturbação

As ideias queimavam a sua nuca, ele podia sentir mais do que nunca. Milhares delas provocando aquele latejamento ardente em sua mente. Atravessou a rua, ouviu sinos ao longe tocando em alguma igreja (por um momento pensou estar escutando "High Hopes", do Pink Floyd), viu crianças correndo ali perto antes de pousar novamente seus pés na calçada do outro lado da rua. O ardor da pastilha de Halls Eucalyptus Extra Forte havia estranhamente sumido do céu de sua boca, enquanto ele caminhava com um passo mais acelerado em direção ao final de tarde em sua casa. Tropeçou mais à frente numa pedra lunar (será que ele deixou cair do bolso de seu traje sem querer ou ela já estava ali anteriormente há alguns dias?) e momentaneamente lembrou do mesmo momento vivido pelo seu personagem, que havia tropeçado pouco antes de encontrar o Livro Satânico, provavelmente correndo da chuva que havia começado a cair momentos antes. Abruptamente o escritor astronauta parou de andar, como se algo estivesse atrapalhando sua visão da rua. E de fato estava. Por alguns breves momentos, a viseira de seu capacete foi inundada por imagens translúcidas e informações do personagem no qual havia acabado de...

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quinta-feira, 26 de julho de 2012

O Escrinauta ~ Ideias

O Escrinauta ~ Ideias

Ele olhava fixamente para o copo de Pepsi sobre o balcão da lanchonete, mas na verdade não era aquilo que ele via de fato. Seu olhar perdido vagava por ideias mirabolantes e desesperadas. Pensava em algum tipo de fuga arquitetada por uma pessoa acusada de assassinato, mas que se dizia inocente. "Eu sei que é verdade a inocência", pensava mergulhado em seus pensamentos. Enquanto o gás do refrigerante escapava aos poucos, ele imaginava sobre a fuga e pensava no melhor esconderijo. Tinha um irmão mais novo nessa história e era preciso proteger ele a todo custo, não importando o que tivesse que fazer. Nada poderia acontecer com ele. Ouviu uma voz vindo em sua direção, fazendo-o voltar à dura realidade ao seu redor. Era a garçonete trazendo o sanduíche que havia pedido. Mas praticamente não comeu nada, e por quase 5 minutos continuou olhando fixamente para o copo de Pepsi, sentindo como se estivesse mergulhando naquele líquido negro borbulhante e saindo em um outro mundo em questão de microssegundos. O irmão caçula precisava ser protegido, precisavam fugir para um local seguro. "é preciso procurar a melhor amiga, aquela que adorava responder as perguntas na sala de aula, e...

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terça-feira, 10 de julho de 2012

Movimento Rápido dos Olhos

Movimento Rápido dos Olhos

Você corre através do dia tentando captar todos os sinais e mensagens, mas a chuva atrapalha. Você gosta da chuva, mas precisa encontrar as mensagens e decifrar cada dia que vive através de você. Os pingos molham seus cabelos, ensopam sua roupa, enquanto sua mente explora arquivos diários, relembrando que você saiu cedo de casa, mal tomando sua xícara de café com leite. Selecionou algumas contas atrasadas, olhou as horas pela quinta ou sexta vez, como se quisesse ter certeza de que o tempo não estava contra você, pegou suas chaves e saiu sem dizer adeus para um apartamento cheio de ausências. Os compromissos do dia estavam a lhe esperar na porta do prédio, então você desceu as escadas com uma urgência fingida, quase cínica. Abriu o portão ruidosamente e sentiu a amplitude do corredor vazio. Você anda através do dia sem entender a necessidade oca de algumas tarefas diárias. É preciso realmente realizá-las? Sua indagação é meio tímida, mas insistente, e você caminha na chuva, enquadrando as esquinas em seu itinerário e fugindo do tempo frio e úmido. Os prédios escondem o horizonte de seus olhos enquanto você vai seguindo a rota de seu cronograma previsto. A...

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