
Vida em Marte
Há algum tempo atrás eu escrevi um conto onde o personagem principal estava em conflito intenso com o mundo à sua volta. No decorrer da história, descobria-se que ele era um sequestrador que mantinha um jovem refém em seu poder no meio de uma rodovia deserta. Entretanto, ele, o sequestrador, tinha a estranha sensação de que estava sendo constantemente observado por centenas de olhares curiosos e atentos, e em determinados momentos, tinha quase certeza de estar ouvindo vozes em sussurros ao seu redor. Depois de dirigir um maverick por uma rodovia secundária estadual, ele podia achar natural que estivesse cansado, exausto e, por isso mesmo, poderia estar tendo surtos estranhos e momentâneos, resultado do stress da situação na qual estava envolvido: um sequestro. Porém, as sensações tornavam-se cada vez mais claras e insistentes, intermitentes, nervosas e constantes.Na época, eu estava escrevendo diversos contos, e experimentava um pouco de uma prosa nervosa e cinematográfica. Situações intensas, rápidas, dolorosamente poéticas. Nesse conto do sequestrador, eu sabia, a princípio, o que se passava com ele. Imagine então que você é o sequestrador. E se, de repente, no meio de sua vida, justo quando você está vivendo uma situação pertubadora, você começasse a...
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