
Acordei hoje e vi o tempo em que vivemos. Pessoas dopadas por falsas verdades e absorvidas por ilusões, manipuladas por hipócritas desonestos, cujo mau caráter desconhece os próprios limites. O tempo fechou nos últimos anos, e não tende a melhorar.
Não que eu esteja sendo cético ou pessimista. Mas minhas conclusões pessoais são fruto de cuidadosa observação realista. Os noticiários não mentem, os jornais não escondem mais nada, tudo o que se passa em nosso mundo é um prato cheio para a mídia, que sempre busca informações para sempre manter sua audiência no topo. O mundo se aquece, as pessoas se matam, os invejosos se corroem por dentro cada vez mais. A verdade é assim, uma navalha afiada em seu pescoço, e você não pode se mover nem um milímetro sequer, do contrário você irá sentir gosto de sangue em sua boca.
Hoje em dia é matar ou morrer. E as balas perdidas têm matado muito mais ou tanto quanto as guerras no Oriente Médio. Crianças morrem em sequestros de maneira aterrorizante. os filmes hoje em dia perderam a graça e não mostram enredos mais originais do que a vida real, muito mais surpreendente e cinematográfica em seus efeitos especiais, sociais, dramáticos, violentos. Cheguei à lamentável conclusão de que somos
heróis de nós mesmos, sempre buscando nos salvar a cada dia do pior e sobrevivendo diante deste mundo terrível. O sofrimento ocupa todas as páginas, e o calor penetra meus poros em dias extremamente quentes. É o aquecimento global misturado com uma rotina sufocante. Estou tentando transferir toda transpiração em meus poemas, estou suando em palavras. Estou derretendo toda minha raiva em versos. Minha poesia está nas sombras agora, por minha própria opção.
Antes da Meia-NoiteCada dia está sendo desperdiçadopelas desgraças e carniças nas calçadasEste aquecimento que sufoca e prendea escuridão envolve e me rendeSeu olhar inerte na esquinaobservando a destruição iminenteNinguém tem mais nada a dizeraos corpos boiando após a tempestadeSeu rosto suado apenas enxergao sangue que marca o asfalto quente.O hipócrita conta suas mentirase arrasta os inocentes para o desertoTodos se entregam a ilusões e oraçõesO desespero sufoca os humildes e os idiotasSua cruzada é uma farsa ridículae você exala falsidade repugnanteMeu pior inimigo espera meu vaciloUma raça maldita e dissimulada tentandome derrubar sempre no meio do jogoUma corja de assassinos e ladrõesfazendo meu dia se despedaçarentre as carcaças dos mais fracosNão espere que eu me entregueMeu sangue não será teu troféuAguardo sereno nas sombraspois seu tempo está se esgotandoVerei teu sangue entre meus dedose desenharei meu futuro gloriosoem vermelho escarlateantes de sentir seu último suspirosendo negociado pelo diabo na esquina.Por Ulisses Góes